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Por qual elipse se começa a estudar o Barroco?

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       A epígrafe, de Luciano Anceschi (2011), responde à indagação inicial ao defender a necessidade de se começar a estudar o Barroco por meio de manifestações científicas. A herança da tradição dos seiscentos de pesquisas cujo interesse consistia em buscar a origem do conhecimento, o desenvolvimento de objetos científicos para encontrar respostas sobre as incertezas acerca dos fenômenos da natureza e de suas extensões cósmicas, é lição que se retoma como objetivo maior neste Simpósio: começar o estudo do Barroco pela Ciência. A literatura registra os muitos dos cientistas que hoje se perpetuam como fonte e atenta para o fato de que eles revelaram seus tratados no seiscentismo. Sem dúvida, a invenção do telescópio por Galileu Galilei (1564-1642) é um dos maiores acontecimentos do século barroco no que tange à invenção de instrumento científico. No tempo áureo do Barroco registrado pela historiografia, estudiosas e estudiosos; poetas mulheres e poetas homens; desconheciam limites entre áreas científicas para suas investigações e para suas criações barrocas. Muito comum era, nesse contexto, atuarem poetas-matemáticos, filósofos-poetas, cosmógrafos-matemáticos, astrônomos-poetas, teólogos-poetas, matemáticos-jesuítas. O barroco, pois,  coexiste com mudanças no cenário científico do Século de Ouro e segue animando de forma criativa-elíptica a contemporaneidade - em dobras e redobras sob o vocábulo de Neobarroco  - por meio de práticas artísticas, por isso, este evento se propõe a discutir a estreita relação entre Barroco, Arte & Ciência. Arteciência, de Roland de Azeredo Campos (2003), universaliza e une a quebra dos preconceitos que tornam distantes, e até díspares,  expressões artísticas e científicas, ao elucidar que “conforme a antiga visão, o território científico é o lago gelado da razão convencional, quase burocrática, e da implacável lógica binária. A arte, em contraposição, é invariavelmente associada ao fluxo das emoções e harmonias sensitivas” (AZEREDO CAMPOS, 2003, p.11). Ao longo de seu estudo, o físico atribui razões para hoje poder haver uma tendência em se reverter certezas apregoadas sobre as relações entre Arte & Ciência. Segundo Azeredo, “o final do século XIX marcou uma mudança de atitude nas ciências exatas: elas deixaram de centrar-se no real em si, privilegiando ao invés as relações entre as coisas, e tendendo a aderir mais resolutamente à interação dos signos” (CAMPOS, 2003, p.21). Assim, o propósito do III Simpósio de Estudos Barrocos e Neobarrocos: ARTE & CIÊNCIA, é discutir o conceito estético de Barroco e de Neobarroco como formas de diálogo aberto à universalidade artística em seu esplendor e em seu exagero estético, que ambiciona, desde o Século de Ouro, a parceria e a atração ente Arte & Ciência presentes no Barroco. Além disso, nos propomos a reunir conceitos de áreas aparentemente opostas às artes Barrocas e Neobarrocas em várias das suas manifestações: Literatura, Escultura, Pintura e Música. Vamos à Tríade:

BARROCO-ARTE-CIÊNCIA!

 

Bom evento a todas e a todos!

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Leila Tabosa

Coordenadora do evento

BARROCO: ARTE & CIÊNCIA

Si yo tuviera que hacer un estudio sobre el barroco

(no sobre la história y sobre el problema de la noción,

sino sobre la cultura y el espírito de sus formas)

comenzaría por la ciencia, por la filosofía, por la música

(me refiero a la nueva ciencia, a la nueva filosofia, a la nueva música);

y bastaria, creo, para dar al sentimiento y

la idea del barroco abierta universalidad y verdad histórica.

Luciano Anceschi

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